Misofonia e autismo: como se relacionam?

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição marcada por uma série de desafios e características que variam muito de pessoa para pessoa. Dentre esses desafios, um aspecto frequentemente negligenciado é a hipersensibilidade sensorial — e, dentro dela, a misofonia ganha destaque. Mas afinal, o que é misofonia e como ela se relaciona com o autismo?

 

O que é misofonia?

A misofonia é uma condição neurológica caracterizada por reações emocionais intensas a sons específicos. Esses sons, muitas vezes cotidianos e inofensivos para a maioria das pessoas, podem causar profundo desconforto, raiva, ansiedade ou até mesmo pânico em quem tem misofonia.

🔊 Exemplos de sons gatilhos:

◽Mastigação ou deglutição
◽Respiração ofegante
◽Cliques de caneta
◽Tecidos se esfregando
◽Tic-tac de relógio
◽Arrastar de cadeiras

Esses sons, por mais comuns que sejam, podem ativar no cérebro de quem tem misofonia uma resposta intensa de “luta ou fuga”.

A relação com o autismo

Muitas pessoas com TEA relatam experiências que se encaixam no quadro de misofonia. Isso ocorre porque o sistema sensorial de pessoas autistas pode funcionar de forma diferente, sendo mais sensível a estímulos visuais, táteis, auditivos e até olfativos. A hipersensibilidade auditiva é uma característica comum, fazendo com que sons normais sejam percebidos como invasivos ou até dolorosos.

 

📌 Enquanto nem todas as pessoas com TEA têm misofonia, muitas apresentam reações parecidas, que devem ser reconhecidas e respeitadas.

Impactos no dia a dia

 

Quando não compreendida, a misofonia pode causar:

◽Dificuldade de concentração em ambientes barulhentos (como escolas ou reuniões)
◽Ansiedade social, especialmente em lugares com muitos sons gatilhos
◽Isolamento, por evitar interações para fugir dos sons
◽Irritabilidade e reações comportamentais intensas

Esses comportamentos, muitas vezes mal interpretados, são uma forma de autoproteção sensorial.

Como ajudar?

 

🌟 Acolher e adaptar o ambiente faz toda a diferença. Aqui estão algumas estratégias:

✅ Uso de fones abafadores ou com cancelamento de ruído
✅ Permitir pausas sensoriais em locais calmos e silenciosos
✅ Preparar rotinas com previsibilidade sonora
✅ Terapias comportamentais e ocupacionais para lidar com a resposta emocional ao som
✅ Apoio psicológico para desenvolver estratégias de enfrentamento

 

Conscientizar é incluir

Falar sobre misofonia é essencial para construir ambientes mais inclusivos, seja na escola, em casa, no trabalho ou em espaços públicos. Reconhecer que cada pessoa tem uma forma única de processar o mundo ao seu redor é o primeiro passo para garantir dignidade, segurança e bem-estar.

 

💬 Conclusão

Misofonia e autismo se conectam por meio da sensibilidade sensorial — e entender essa relação é fundamental para acolher, respeitar e adaptar o mundo à neurodiversidade. Cada som que incomoda pode ser um grito silencioso pedindo cuidado. E cada acolhimento é um gesto de inclusão verdadeira.

Redes Sociais do Direcional

O Direcional é um centro de atendimentos para crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) e outras alterações do neurodesenvolvimento.

Copyright © 2014 – 2024 | Direcional – 29.694.539/0001-70 | CRP jurídico – 06/8086J. Todos os direitos reservados. Política de Privacidade e Termos de Uso.