Os comportamentos repetitivos são características comuns em pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e podem variar desde movimentos físicos (como balançar o corpo ou bater as mãos) até padrões de pensamento ou interesses restritos. Embora as causas desses comportamentos sejam multifatoriais, incluindo aspectos neurológicos e ambientais, há um crescente interesse na influência da alimentação sobre esses comportamentos. Mas será que existe mesmo uma relação entre o que comemos e o comportamento repetitivo?

A Conexão Entre Alimentação e o TEA

Pesquisas sugerem que a alimentação pode influenciar o comportamento e o bem-estar de crianças e adultos com TEA de várias maneiras. Abaixo, exploramos algumas das hipóteses e descobertas mais discutidas:

1. Sensibilidade a Certos Alimentos

Algumas pessoas com TEA podem apresentar sensibilidades ou alergias alimentares que afetam o sistema nervoso e, potencialmente, os comportamentos. Por exemplo, o consumo de glúten (encontrado em cereais como trigo) e caseína (uma proteína do leite) tem sido relacionado a alterações comportamentais em alguns estudos. No entanto, os resultados ainda são inconclusivos, e a dieta sem glúten e caseína só deve ser considerada com acompanhamento médico.

2. Efeitos do Açúcar e Corantes

Altos níveis de açúcar ou o consumo de alimentos com corantes artificiais podem provocar hiperatividade ou irritabilidade em crianças, incluindo aquelas com TEA. Esses fatores podem exacerbar comportamentos repetitivos como resposta ao desconforto ou à agitação.

3. Deficiências Nutricionais

Deficiências em nutrientes essenciais, como ômega-3, vitamina D, zinco ou magnésio, podem impactar o funcionamento cerebral e o comportamento. Algumas pesquisas indicam que suplementar esses nutrientes pode ajudar a melhorar a regulação emocional e comportamental em pessoas com TEA.

4. Problemas Gastrointestinais

Dificuldades gastrointestinais são comuns em pessoas com TEA e podem influenciar o humor e os comportamentos. Constipação, gases ou refluxo podem causar desconforto, levando a comportamentos repetitivos como uma forma de lidar com a dor. Ajustar a dieta para melhorar a saúde intestinal pode trazer benefícios significativos.

5. A Saúde do Microbioma Intestinal

O microbioma intestinal — a comunidade de bactérias que vive no trato digestivo — está sendo cada vez mais associado à saúde mental e comportamental. Estudos preliminares sugerem que um desequilíbrio no microbioma pode impactar o comportamento em pessoas com TEA, e a alimentação é um dos principais fatores que influenciam esse equilíbrio.

Estratégias Alimentares para Reduzir Comportamentos Repetitivos

Embora não exista uma dieta universal para o TEA, algumas estratégias podem ajudar:

Manter uma alimentação balanceada: Ofereça uma dieta rica em frutas, legumes, proteínas magras e grãos integrais para garantir uma nutrição adequada.

Identificar sensibilidades alimentares: Consulte um médico ou nutricionista para realizar testes e observar como certos alimentos afetam o comportamento.

Priorizar a saúde intestinal: Alimentos fermentados, ricos em probióticos, e fibras podem ajudar a equilibrar o microbioma intestinal.

Evitar alimentos ultraprocessados: Reduzir o consumo de açúcares refinados, gorduras trans e aditivos químicos pode minimizar reações adversas.

Considerar suplementação: Com orientação médica, a suplementação de nutrientes essenciais pode ser útil em casos de deficiências comprovadas.

O Que Diz a Ciência?

Embora muitos relatos anedóticos apontem melhorias no comportamento de crianças e adultos com TEA após ajustes na alimentação, a ciência ainda não é conclusiva. Cada indivíduo é único, e os efeitos de uma dieta específica podem variar. Mais estudos são necessários para estabelecer uma ligação direta entre alimentação e comportamentos repetitivos.

Conclusão

Embora a alimentação não seja a única causa ou solução para os comportamentos repetitivos no TEA, ela pode desempenhar um papel significativo no bem-estar geral. Ajustar a dieta com base nas necessidades individuais, sempre com orientação profissional, pode ser uma estratégia útil para promover equilíbrio e qualidade de vida.

Se você é responsável por alguém com TEA e percebeu mudanças comportamentais relacionadas à alimentação, compartilhe sua experiência! O diálogo pode ajudar outras famílias a explorar alternativas que funcionem.